Questões de português e de comunicação

sexta-feira, julho 20, 2007

Bases da ortografia portuguesa

The Project Gutenberg EBook of Bases da ortografia portuguesa
by Gonçalves Viana and Guilherme Abreu

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Title: Bases da ortografia portuguesa

Author: Gonçalves Viana and Guilherme Abreu

Release Date: February 14, 2005 [EBook #15047]

Language: Portuguese

Character set encoding: ISO-8859-1

*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK BASES DA ORTOGRAFIA PORTUGUESA ***




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BASES

DA

ORTOGRAFIA PORTUGUESA

POR

A. R. GONÇALVES VIANNA
Romanista

G. DE VASCONCELLOS ABREU
Orientalista


LISBOA
IMPRENSA NACIONAL
1885


_Impresso para circular gratuitamente_


_OFERTA DOS AUTORES_


Ex.^mo Sr.

Para respondermos às perguntas que nos teem sido feitas acêrca da
ortografia adoptada pelos editores técnicos da «+Enciclopédia de
ciéncia, arte e literatura--Biblioteca de Portugal e Brasil [1]+» temos a
honra de dirijir a V. Ex.ª esta circular, e rogamos-lhe que faça tão
conhecidos, quanto em seu poder esteja, os fundamentos em que essa
ortografia assenta.

Os princípios que servem de base à reforma ortográfica iniciada por nós
ambos e usada ha dois anos pelo segundo signatário desta circular, em
escritos particulares e oficiais, e em artigos publicados em alguns
papéis periódicos, são resultado de estudo consciencioso e larga
discussão dos iniciadores. São princípios deduzidos ou antes expressão
dos factos glotolójicos examinados com rigor; são todos demonstráveis, e
de simplicidade tal que os poderá compreender a sã intelijéncia, aínda
que para ela sejam estranhos os estudos de glotolojia.

Vamos expô-los à apreciação pública desde já, e assim começará a
preparar-se a crítica de todos os indivíduos, que, por se prezarem de
Portugueses, não queiram que estranjeiros censurem não haver, para a
nossa formosíssima lingua, ortografia científica e uniforme a que deva
chamar-se +Ortografia Portuguesa+.

No futuro Congresso que temos a peito convocar breve, essa crítica será
o único juíz a que todos nós os Portugueses havemos de nos sujeitar para
adopção de ortografia portuguesa e rejeição absoluta de toda ortografia
individual, seja quem for seu autor.

[1] Estão publicados: o 1.º vol. da Colecção científica «A Literatura
e a Relijião dos Árias na Índia», por G. de Vasconcellos Abreu; e o
1.º vol. da Colecção literária «Mágoas de Werther», romance traduzido
do orijinal alemão, de J.W. von Goethe, por A. R. Gonçalves Vianna.

O custo de cada volume é de 300 réis, brochura, 400 réis, cartonado.

Estes volumes por serem os primeíros, e particularmente «Werther»,
saíram com erros tipográficos que não devem ser levados à conta do
sistema de ortografia.

São editores técnicos A. R. Gonçalves Vianna, G. de Vasconcellos Abreu
(a quem devem ser dirijidos os manuscritos e toda a correspondéncia),
S. Consiglieri Pedroso, em Lisboa.

São editores-impressores Guillard, Ailland & C.ª, em Paris.

Todos nós, os que lemos, e mais aínda os que escrevemos para o público,
sabemos quão diverjentes são as ortografias das várias Redacções e
estabelecimentos tipográficos. Teem escritores +suas ortografias+
próprias, como +as+ teem as imprensas particulares e as do Estado. E nas
do Estado são diferentes +as ortografias+ da Imprensa Nacional e +as+ da
Imprensa da Universidade--estes plurais são a expressão real de um
facto, sem censura pessoal.

Com a exposição que vamos fazer dos princípios mais jerais em que
assenta a reforma ortográfica, por nós iniciada, temos em vista mostrar,
a todo o país capaz de pensar e ler, que o nosso intuito é realizar uma
das verdadeiras condições da vida nacional--existéncia de ortografia
+uniforme e cientificamente sistemática+ a que deva chamar-se
+Ortografia Portuguesa+.

Sigamos dois bons exemplos a que largos anos deram ha muito já a sanção:
o exemplo da Hispanha e o mais antigo da Itália. V. Ex.ª a quem
dirijimos esta nossa exposição, honrar-nos ha dando-lhe a maior
publicidade que puder; e por certo se julgará honrado se entender que
com essa publicação presta bom serviço à pátria a quem devemos êste
respeito.

De V. Ex.ª

+atentos veneradores+

Lisboa, outubro de 1885.

A. R. Gonçalves Vianna. G. de Vasoncellos Abreu.



BASES

DA

ORTOGRAFIA PORTUGUESA




I


PRINCÍPIOS JERAIS DE TODA ORTOGRAFIA


1.º Uma língua é um facto social; não depende do capricho de ninguém
alterá-la fundamentalmente.

2.º Como facto social é produto complexo, variável por evolução própria
da sociedade cujas relações serve.

3.º A ortografia é o sistema de escrita pelo qual é representada a
língua dum povo ou duma nação num certo estado de evolução glotolójica.

4.º Esta representação deve ser exacta para todo o povo, para toda a
nação e portanto deve respeitar a filiação histórica.

5.º É evidente, pois, que a ortografia não pode ser especial dum modo de
falar, quer êste seja dum só indivíduo, quer duma província ou dialecto
da língua.

6.º Em virtude disto a ortografia não pode representar a pronunciação,
que por certo não será una; ha de representar a enunciação, a qual é
sempre comum ao povo, à nação que fala uma só língua como seu idioma
próprio e exclusivo.

7.º Na ortografia, por consecuéncia, não se pode fazer uso de sinais que
indiquem pronúncia de uma qualquer letra vogal, excepto quando essa
vogal careça de ser pronunciada com modulação especial para a distinção
conveniente do emprêgo sintáctico do vocábulo, ou aínda (e menos vezes
em português) para distinguir na grafia única modos diferentes de
silabização.

8.º Para se representar a enunciação carece-se de acentuar gráficamente
o vocábulo, e a ortografia deve ser tal que, subordinada às leis de
acentuação na língua falada, mostre para qualquer vocábulo a sua sílaba
tónica a quem desconheça o vocábulo que lê.

_Escólio_.--É evidente que a acentuação gráfica é inútil na língua
escrita cuja constituição glotolójica a determina invariávelmente: tal o
latim clássico e as línguas jermánicas.




II


PRINCÍPIOS PARTICULARES DA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA


O ensino ortográfico da língua portuguesa reduz-se, portanto, na
prática, ao ensino de:

I. Leis da acentuação nos vocábulos símplices e nos compostos.

II. Valor histórico dos fonemas aínda proferidos e dos que já não se
proferem; influéncia dêstes sôbre a modulação da vogal precedente.

III. Conhecimento dos ditongos e sua dissolução.

IV. Silabização.

V. Homónimos e parónimos.

VI. Função dos sufixos.

VII. Composição dos vocábulos e formação da perífrase nos verbos, e uso
das enclíticas.

Diremos dêstes assuntos em outros tantos paragrafos, definindo, todavia,
primeiro, o que entendemos por ortografia portuguesa.

«ORTOGRAFIA PORTUGUESA» é o sistema de escrita ou grafia representante
comum de todos os dialectos do português falado; a sua base é a história
da linguajem portuguesa considerada como língua e como dialecto.

Considerada como língua, estuda-se a linguajem portuguesa no ponto de
vista de língua fundamental ou língua mãe, de que, por evolução própria,
se teem derivado outros modos de falar no tempo e no espaço, depois de
assentada a evolução glotolójica realizada em Portugal durante mais de
um século já desde D. Dinis, e principalmente durante os reinados de D.
Pedro I, D. Fernando I e D. João I.

Considerada como dialecto, estuda-se a linguajem portuguesa como
evolução glotolójica neo-latina ou románica.


I--DA ACENTUAÇÃO


1.º A acentuação marcada é tónica e não prosódica; não determina
modulação da letra vogal, determina a sílaba elevada na enunciação do
vocábulo.

Esta sílaba é uma só e a mesma sílaba para cada vocábulo na língua
portuguesa em todo o país, com excepções esporádicas mais ou menos
justificadas. Exemplos: _hótel, hotel; bénção, benção_.

_Escólio._--A acentuação gráfica é sempre a de vocábulo que faz
excepção à regra jeral.

2.º O sinal gráfico da acentuação tónica é por exceléncia o acento
agudo. Marca, porém, êste acento:--vogal tónica aberta em parónimos:
_fôsse, fósse; sêco, séco; reis_ (pl. de _rei_), _réis_ (pl. de
_real_);--_i, u_ tónicos depois de outra vogal: _país_ (cf. _pais_),
_reúne, moínho, ruím_;--a vogal _u_ tónica depois de _g_ em _gúe, gúi_
(cf. 4.º): _argúe, argúi_.

3.º Pode ser sinal gráfico da acentuação tónica o acento circunflexo, e
o será especialmente nos casos em que no fonema tónico concorra
modulação necessária de _ê, ô_, como fica exemplificado em o número
precedente, e se vê mais dos seguintes exemplos: _fôrça_ (cf. _fórça_),
_modêlo_ (cf. _modélo_), _sossêgo_ (cf. _sosségo_), _côres_ (cf.
_córes_), _côr_ (cf. _cór_ em _de-cór_), _vêem_ (cf. _veem_, do verbo
_vir_), _dê_ (cf. _de_), _dêsse_ (cf. _désse_), e aínda nos vocábulos
sem parónimos, quando eles sejam esdrúxulos ou oxítonos terminados numa
dessas vogais seguida ou não de _s_, tais: _pêssego, português, fôlego,
mercê_.

4.º O acento grave é diferencial: indica sempre a pronunciação
alfabética própria da letra vogal alterável, isto é, susceptível de ter
mais de uma pronunciação (_a, e, o_). Emprega-se na ortografia
exclusivamente em tres circunstáncias:--na crase da preposição _a_ com o
artigo feminino _a, a_ + _a_ (ambos átonos) = à;--na sílaba átona cuja
vogal alterável haja de se proferir aberta e átona com a sua pronúncia
alfabética, para que se distinga o vocábulo de outro seu parónimo, ex.:
_crèdor_ (cf. _credor_), _prègar_ (cf. _pregar_);--no _u_ de prolacão
_gùe, gùi_ quando se proferir átono (cf. 2.º): _argùir, agùentar,
lingùística_.

_Escólio._--Escrevemos _cue_ por _que_ (_qùe_), _cui_ por _qui_ (_qùi_);
ex.: _consecuente, consecuéncia_.

5.º Os vocábulos terminados em _a, o, e, as, os, es_, são jeralmente
enunciados com acentuação na penúltima sílaba; logo não teem acentuação
gráfica marcada. Cf. 2.º e corolário de 7.º _bis_.

5.º _bis_. Todo vocábulo terminado em _a_ ou _as, o_ ou _os, e_ ou _es_,
proferido com acentuação noutra sílaba que não seja a penúltima, tem a
acentuação marcada na escrita. São innúmeros os exemplos; em toda esta
exposição doutrinal os terá notado o leitor, pois que saltam à vista,
sempre como excepção, as dições cuja grafia é acentuada.

6.º Os vocábulos terminados em outra qualquer vogal (_i, u_), ou em
vogal pura seguida de outra consoante que não seja _s_, e os plurais
respectivos, são jeralmente proferidos com acento na última sílaba. Logo
não teem acento gráfico.

6.º _bis_. Todo vocábulo terminado dêste modo mas cuja acentuação se faz
noutra sílaba tem o acento gráfico nessa sílaba. Ex.: _pedi, pedis;
funil, 'funis; matiz; pénsil, pénseis; cascavel, cascaveis; peru,
perus; Hindu, Hindus; Caramuru; tríbu, tríbus; Púru_.

7.º Os vocábulos cuja última sílaba for em vogal nasal, ou em ditongo
puro ou nasal, teem jeralmente a enunciação acentuada na sílaba final.
Logo não se lhes marca o acento na escrita. Ex.: _marfim; irmã, irmãs;
irmão, irmãos; marau, maraus; andai, andais; louvei, louveis; Simões;
Magalhães_. Cf. 2.º paj. 7 e 13.

7.º _bis_. Será, porém, marcada a acentuação dêsses vocábulos quando ela
se faça noutra qualquer sílaba. Ex.: _órgão, Estêvão_.

_Escólio_.--Para os contratos é absolutamente indispensável, como bem o
viu o grande Ministro, distinguir os futuros dos pretéritos na 3.ª
pessoa do plural, sem emprêgo do acento gráfico, fácil de esquecer ou de
ser pôsto depois do contrato escrito e assinado, distinguir-se hão,
pois: _jurarão, juraram (jurárão); venderão, venderam (vendêrão);
prescindirão, prescindiram (prescindírão)_; etc.

_Corolário_.--Por êste motivo o ditongo _ão_, final átono de verbos,
escrever-se ha idénticamente com _am_; e, por analojia, se escreverá a
sílaba final dos vocábulos terminados pelo ditongo átono _êe_ com a
grafia _em_. A acentuação gráfica de tais vocábulos obedece ao princípio
5.º Ex.: _honram, viajam, ordem, viajem, pôrem, alem_ (= _álem,_ v.
_alar_).

_N.B._ Pelo princípio 5.º _bis_ devemos escrever e escrevemos: _porém,
ninguém, também, além_, etc.; deveríamos, todavia, usar da ortografia:
_porêe, ninguêe, tambêe_, etc. Deixámos êste ponto para o Congresso.

É aínda evidente que os plurais dêstes nomes seguem análogamente a regra
dada para os plurais dos nomes em _a, o, e_; assim: _ordens, viajens,
(_órdêes, viájêes_).

8º Os vocábulos compostos teem na escrita a acentuação dos seus
símplices respectivamente marcada em obediéncia aos princípios que ficam
expostos.


II--DOS FONEMAS E SUA REPRESENTAÇÃO POR LETRAS CONSOANTES


Dois princípios absolutos determinam a exclusão de consoante inútil; e
quatro ordens de outros factos decidem a adopção científica de
representação de fonemas articulados. São estes factos:

_a)_ valores dialectalmente confundidos: _ch_ (= _tch_), _ch_ (= _x_),
_x; s, ç; s, z_.

_b)_ valores próximos confundidos pela falta de observação da
articulação: _s, x; g_(_a_), _g_(_ue, ui_); _g_(_e, i_), _j_; _c_(_a, o,
u_), _qu_.

_c)_ valor exclusivamente de influência do fonema articulado sôbre o
fonema modulado precedente.

_d)_ valores diferentes de um só símbolo gráfico: _x_, entre vogais.



II _a_.--EXCLUSÃO DE LETRAS CONSOANTES


1.º São banidos da escrita os símbolos gráficos sem valor de fonema
próprio. São eles _th, ph, ch_, respectivamente por _t, f, q_(_u_),
_c_(_a, o, u_), _c_; bem assim _y_=_i_.

1.º _bis_. Póde manter-se _k=q_(_u_)=_c_(_a, o, u_) nas abreviaturas de
_quilómetro_=_klm._, etc. Devemos, porém, escrever por extenso:
_quilómetro_[1], _quilograma_, etc.

2.º São banidos da escrita os símbolos gráficos sem valor. São eles as
consoantes dobradas ou grupos de consoantes não proferidas e sem
influéncia na modulação antecedente, nem necessidade por derivação
manifesta de outro vocábulo existente em que haja de proferir-se cada
uma das consoantes, como é _Ejipto_ de que se deriva _ejípcio_.

Exemplos de símbolos sem valor próprio em português:

_th_ = _t_.--_thermometro_ = _termómetro_; _ether_ = _éter_; _thio_ =
_tio_.

_ph_ = _f_.--_ethnographia_ = _etnografia_; _philtro_ = _filtro_.

_ch_ = _q_(_u_).--_chimica_ = _química_; _machina_ = _máquina_;
_chimera_ = _quimera_.

_ch_ = _c_(_a, o_).--_chorographia_ = _corografia_; _mechanica_ =
_mecánica_.

_y_ = _i_.--_lyrio_ = _lírio_; _physica_ = _física_.

Consoantes dobradas:--_agglomerar_ = _aglomerar_; _prometter_ =
_prometer_; _commum_ = _comum_; _Philippe_ = _Filipe_.

Grupo de consoantes:--_Christo_ = _Cristo_; _Demosthenes_ =
_Demóstenes_; _Mattheus_ (que já se escreve, sem razão, Matheus) =
_Mateus_; _schola_ = _escola_; _sciencia_ = _ciéncia_; _phthisica_ =
_tísica_.

Influência da consoante na modulação precedente:--Vejam-se exemplos em
_c_, páj. 11.

1.º _Escólio_.--Conservamos _n_ dobrado, _m_ dobrado, nos vocábulos
derivados de outros, cuja inicial é _n_ ou _m_, por meio das
prepositivas _in, em_, toda vez que a prepositiva significa _dentro_; e
aínda nalguns poucos vocábulos em que _n_ ou _m_ influam na vogal _i_ ou
_e_. A nasal da prepositiva _com_ só a conservamos, por êste motivo, em
_connosco_. Escrevemos, pois: _immigrar, immerjir, emmalar, ennobrecer,
innato_, etc.; _comoção, comum, comutar, conexo_, etc.

2.º _Escólio_.--Mantemos as representações gráficas das palatais _ch,
lh, nh_, emquanto não houver símbolo único para cada uma delas.

[1] A ortografia _kilometro_ por _chilometro_ dá ocasião a traduzir-se
«metro-de-burro» e não «mil-metros». Em grego _kíllos_ significa
«burro», e _chílioi_ significa «mil». Porque razão, pois, havemos de
escrever _cirurgia, chimera, kilo_, quando o _c_, o _ch_ e o _k_
representam a mesma orijem _ch_, transcrição latina do [Greek: ch],
grego?


3.º _Escólio_.--Só ao Congresso compete tratar da exclusão ou
conservação da aspirante _h_.


II _b_.--ADOPÇÃO DE LETRAS CONSOANTES


_a)_--1.º Escrevem-se com _ch_ as sílabas que são proferidas com palatal
dura, segundo os dialectos, explosiva ou contínua: _chave, chapeu,
chuva_; etc. A etimolojia e as línguas conjéneres determinam que sigamos
o exemplo dos nossos clássicos e de vários monumentos escritos usando-se
da grafia _ch_.

2.º Escrevem-se com _x_ (melhor seria _[.x]*_) as sílabas cuja inicial
palatal é dura contínua: _xacoco, xadrez, xarafim; enxárcia, enxada,
enxêrga, enxérga, enxertia, enxaimel, enxame, enxúndia; rixa, roixo;_
etc. Cf. _d)_.

3.º Escrevem-se com _s_ as sílabas cuja final é sibilante dura palatal
e, esporádicamente, sibilante dura dental: _mas; basta; foste; démos,
dêmos; bosques; português, portugueses_; etc. A etimolojia, o dialecto
transmontano e as línguas conjéneres determinam a grafia _s_.

4.º Escrevem-se com _s_ inicial, ou com _ss_ entre vogais, as sílabas em
que a sibilante dura é ou dental, ou supra-alveolar, conforme os
dialectos: _saber, classe, diverso, sessão, conselho, sossêgo, sosségo_,
etc. Determinação histórica e comparação.

5.º Escrevem-se com _ç_, ou com _c_(_e, i_), inicial as sílabas em que a
sibilante é dental dura, e só é supra-alveolar nas partes do país onde
não ha outra sibilante dura inicial: _peço, ciéncia, concelho, poço,
doçura, preço, çapato, çarça, cárcere_, etc. Determinação histórica e
comparação.

6.º Escrevem-se com _s_ entre duas vogais (uma final da sílaba a que
pertence a sibilante, outra final da sílaba precedente) as sílabas em
que a sibilante é branda dental ou, segundo o dialecto, supra-alveolar:
_posição, coser_ (consuere), _precioso, preso_ (prehensum, cf. _prezo_),
_preciso, pêso, péso_, etc. Determinação histórica e comparação.

7.º Escrevem-se com _z_ inicial as sílabas em que a sibilante é dental
branda em todo o país, à excepção daqueles pontos em que se não profere
sibilante inicial senão supra-alveolar: _azêdo, azédo, azebre, razão,
cozer, prezo_ (cf. _preso_), etc. Determinação histórica e comparação.

8.º Escrevem-se com _z_ final os vocábulos que nos seus derivados são
escritos com _c_ (_e, i_) correspondente à sibilante final deles. Assim
o determina a etimolojia, evidente na derivação, e a pronúncia
dialectal. Exemplos: _infeliz, infelicidade; símplez, símplices,
simplicidade; ourívez, ourivezaria_; etc.

_Corolário_.--Escrevem-se com _z_ infixo os diminutivos e aumentativos
_zito, -zinho, -zão_, etc., e os sufixos (derivados do latino _-itia_)
_-eza, -ez_; bem como os sufixos de verbos, _-izar_, e de nomes,
_-ização_.

_Escólio_.--Os plurais dos nomes diminutivos formam-se do tema do plural
do nome fundamental e do plural do sufixo. Dão testemunho os dialectos.
Assim, pois, escrevemos: _homemzinho, homemzinhos_, não _homensinhos;
acçãozinha, acçõezinhas_, não _acçõesinhas; pãozinho, pãezinhos_, não
_pãesinhos; mãozinha, mãozinhas; aneizinhos_; etc.

_b)_--1.º Adoptámos, pelo que fica dito em _a)_ 3.º, a representação
gráfica _s_ para a sibilante palatal dura final de sílaba, que muitas
pessoas julgam ser absolutamente igual a _x_ (_[.x]*_).

2.º Por falta mais grave na observação se tem confundido as articulações
_g_(_a_), _g_(_ue, ui_), _j_(_a_), _j_(_e, i_), e ainda _c_(_a_),
_q_(_ue, ui_). Os pontos articulatórios são diferentes. No congresso
trataremos estes assuntos. Carecemos de caracteres próprios para
distinguir na escrita as articulações _j_(_a_), _g_(_e, i_), _j_(_o,
u_), nas palavras _Jacob, Jeremias, José, Jesus, Jutlandia, Jerusalem,
geme, gemer, gentes, gymnasio, Gil_; etc.; e é certo que não podemos,
tão pouco, distinguir _Guilherme, guerra, garra, gume_, causando
estranheza invencível a grafia _Geremias, Gesus_, e ficando aínda infiel
_gemer, geral_, e sempre em contradição com uma pronúncia _Gèrusalém_ ou
_Jerusalém_; tendo nós, pois, de escrever _Jeremias, Jesus_, adoptámos o
símbolo _j_ para os fonemas articulados das sílabas _ja, jo, ju, ge,
gi_, e por êste sistema gráfico evitamos também regra especial para a
conjugação dos verbos em (_-ger, gir_) _-jer, -jir_.

_Escólio_.--É evidente (pelo que fica dito em _b)_ 2.º) a necessidade
aínda existente de mantermos o modo de escrever _gue, gui_, nas sílabas
terminadas na vogal palatal _i_ ou _e_, precedida do fonema gutural
brando, mostrando-se pelo acento grave sôbre o _u_ da prolação _gùe,
gùi_, as silabizacões _gu-e, gu-i_, como fica dito em 4.º de páj. 7.

_c)_ Conservamos todo sinal gráfico de fonema histórico, hoje nulo, cuja
influéncia na vogal precedente é persistente: _acção, actor,
predilecção, redacção, respectivo, trajectória, baptismo, concepção_; e
aínda quando é facultativa a pronunciação, como em _carácter._

_Escólio_.--Os fonemas _i, u_, não estão sujeitos a esta influéncia:
_edito_ = _edicto_ (cf. _édito_); _corruto_ = _corrupto_; _corrução_ =
_corrupção_.

_d)_ Conservamos a grafia _x_ para representar os diferentes fonemas que
de facto representa na língua portuguesa, porque não temos direito, nem
Congresso nenhum, de impor pronúncia pela ortografia. O Congresso poderá
assentar as bases para o dicionário ortoépico; e no tocante a pronúncia
nada mais pode fazer--estabelece o padrão, dá a norma--para que se
dilijenceie ler dum modo único o vocábulo escrito.

Ninguém pode contestar o direito de se pronunciar o vocábulo _exemplo_
de uma das seguintes maneiras: _izemplo, isemplo, eizemplo, eisemplo,
isjemplo_. Ninguém pode contestar o direito de se pronunciar _trouxe:
trou[.x]e, trouce; extravagante: eistravagante, istravagante,
'stravagante; fixo: fi [.x]o, ficso, ficço_.


III--DOS DITONGOS


Pelo que fica dito se vê qual a maneira por que indicamos a dissolução
do ditongo. Não usamos da _diérese_, também chamada _ápices_, e mais
jeralmente _trema_ ¨, que alguns gramáticos entre nós querem que se use
na vogal prepositiva ou conjuntiva, e no _u_ das prolações, para neste
caso mostrar que faz sinérese com a voz seguinte.

O trema é sinal que nos veiu de países estranhos. Tem na escrita de
línguas europeas significação insubstituível; que nas jermánicas é fórma
abreviada de um _e_, e nesta significação únicamente o empregamos.


IV--DA SILABIZAÇÃO


Em quanto à sibalizacão devemos mencionar aqui apenas os tres seguintes
princípios:

1.º Dividem-se as sílabas, considerando os vocábulos como portugueses
para êste efeito, sem que se atenda à derivação de língua estranha, nem
à derivação dentro da própria língua: _ma-nus-cri-to, cons-pí-cu-o,
obs-tá-cu-lo, ins-cre-ver, no-ro-es-te, nor-des-te, pla-nal-to,
a-lhei-o, mai-or, mai-o-res_.

2.º Conserva-se à sílaba a consoante que determina a modulação da sua
vogal (paj . 11, _c)_): _ac-ção, fac-tor, cor-rec-to, bap-tis-mal_.

3.º Na passajem de uma para outra linha empregamos em ambas as linhas o
_traço de união_, tanto o próprio de vocábulos compostos cujos símplices
se distingam na escrita entrepondo-se-lhes o _hífen_, como o próprio da
ligação das vozes enclíticas às suas subordinantes: _porta--bandeira,
guarda--fato, clara--boia; luso--brasileiro; deu--m'o, louva--lhe,
démo'--lo, louva--o, louvá--lo, arrepender--se, domá--lo--ia_.


V--DOS HOMÓNIMOS E PARÓNIMOS


1.º Os homónimos confundem-se umas vezes na escrita do português como na
sua pronúncia; exemplos: _cedo_ (verbo e advérbio); _conto_ (verbo e
nome): _são_ (verbo e adjectivo). Outras vezes distinguem-se com
exactidão na escrita, embora não se distingam em todas as pronúncias;
exemplos: _vez, vês; cem, sem; coser, cozer; sessão, cessão; -passo,
paço_,--parónimos no dialecto em que se faça diferença na articulação de
_s_ para a de _ç_ e para a de _z_. Podem aínda os homónimos
distinguir-se na escrita e não se distinguirem em pronúncia nenhuma:
_houve, ouve; dê-se, dêsse_.

_Escólio._--Distinguem-se na escrita, mas sem exactidão rigorosa: _hora,
ora; heis, eis_; e por êrro de analojia falsa, _pelo_ cuja orijem é
_per-lo_, que deu _pel lo_ e _pe'-lo_ homónimo, quando se pronuncie
enfáticamente, de _pello_, que etimolójicamente só tem um _l_ e devemos
escrever (como de facto se escreve nesta ortografia proposta) _pêlo_
(cf. _pélo, pelo_).

2.º Os parónimos são perfeitamente distintos na presente ortografia:
_pelo, pêlo, pélo; para, pára; crê, cré; cesto, sexto_ (homónimos em
Lisboa); _fôsse, fósse; fôrça, fórça; sessão, cessão, secção; coando,
quando; quanto, canto; credor, crèdor; incómodo, incomodo; colhêr,
colhér; contrato, contracto; alias, aliás; alem_ (verbo), _além; papeis_
(verbo), _papéis; reis_ (pl. de _rei_), _réis_ (pl. de _real_); _bateis_
(verbo), _batéis; caia, caía_; etc.


VI--DOS SUFIXOS


Conservamos toda a exactidão na ortografia dêstes elementos morfolójicos
cuja função anda tão ignorada. Pululam os galicismos, os
estranjeirismos, até na ortografia da nossa linguajem e na sua
morfolojia, que não só em se introduzirem vocábulos novos
desnecessários, e em se esquecer a sintaxe dela.

É êrro escrever-se _civilisação_ por _civilização, organisar_ por
_organizar; chapeleria_ por _chapelaria; cortez_ por _cortês_; etc.


VII--DA COMPOSIÇÃO, DA PERÍFRASE, E DAS ENCLÍTICAS


Dissemos o bastante acêrca do primeiro e terceiro dêstes pontos. Em
quanto à perífrase, diremos que as linguajens perifrásticas dos verbos
são diferenciadas em linguajens de perífrase consciente e perífrase
inconsciente.

É linguajem perifrástica consciente a formada com o presente do verbo
_haver_. Escrevemo-la, pois, sem hífen de ligação: _descrevê-lo hei,
louvá-la has, dar-lh'o ha, amar-nos hemos, unir-vos heis, receber-se
hão_.

É linguajem perifrástica inconsciente, com tmese evidente, a formada com
um resto do pretérito imperfeito do verbo _haver: -ia_ = (hav)_ia, -ias_
= (hav)_ias, -ia_ = (hav)_ia, -íamos_ = (hav)_íamos, -íeis_ =
(hav)_íeis, -iam_ = (hav)_iam_. Escrevemos estas linguajens sem o _h_,
perdido com os outros elementos de _hav-_, em todas as pessoas do
pretérito imperfeito do verbo _haver_, que entra na perífrase. Exemplos:
_descrevê-lo-ia, deixar-me-ias, aborrecê-la-ia, evitá-lo-íamos,
comportar-vos-ieis, obedecer-lhe-iam_.





III


O NOSSO INTUITO


Se quiséssemos entrar em minudéncias de linguajem e defender em todos os
pontos a ortografia que iniciámos, teríamos de escrever um livro de
grosso volume. Se o nosso intuito fôsse ensinar, publicaríamos um
tratado. Mas é diferente o fim dêste escrito, que oferecemos
gratuitamente aos nossos conterráneos, como testemunho de respeito pelas
cousas da nossa pátria: _Damos razão da reforma iniciada e sujeitamos ao
são critério as bases em que esta assenta_. Por êste motivo deixámos de
tratar pontos de que o Congresso terá de se ocupar.

Andam infelizmente esquecidas por alguns escritores regras de gramática,
que, a serem lembradas, os não deixariam cometer erros imperdoáveis.
Temos visto ortografar (e até pronunciar!!), _passeiando, passeiata,
ideiou, receiará, feichara_, etc., em vez de _passeando, passeata,
ideou, receará, fechara_, etc. É certo que a maioria dos leitores sabe
que, por motivo de a acentuação tónica se fazer nas tres pessoas do
singular e terceira do plural de todos os presentes dos verbos, como
_idear, recear, passear_, etc., únicamente nessas fórmas pessoais
aparece o ditongo _ei_ no radical: _passeio, passeias, passeia,
passeamos, passeais, passeiam_;--passeava, passeavas_, etc.;--_passeei,
passeaste_, etc.;--_passearei, passearás_, etc.;--_passearia_,
etc.;--_passeia tu, passeie ele, passeemos nós, passeai vós, passeiem
eles;--que eu passeie, que tu passeies, que ele passeie, que nós
passeemos, que vós passeeis, que eles passeiem;--passear, passeando,
passeado_. O radical português é _passe-_.

É claro que tratar de assuntos como êste não é objecto de uma símplez
circular. E se o leitor houver notado que usámos nela de modos de
ortografar para que não encontra explicação nos princípos que ficam
estabelecidos, atribua o facto a não caber a explicação suficiente nos
princípios jerais. Cremos que as bases, como ficam postas, constituem
método sem contradições:--se o Congresso fôr até suprimir (como julgamos
que deve suprimir) as letras consoantes inúteis nos nomes próprios e nos
de família, assinaremos sem dobrar as consoantes _nn, ll_ dos nossos
nomes.

Não nos preocupa uma idea preconcebida. Não nos domina um subjectivismo
apaixonado. Desejamos que no país todo se una para discutir de boa fé
quem tiver estudado o problema, e que êste se resolva estabelecendo-se
ORTOGRAFIA PORTUGUESA.


+ALGUNS OUTROS TRABALHOS PUBLICADOS PELOS MESMOS AUTORES+

POR A. R. GONÇALVES VIANNA

Estudos Glottologicos: Graphica e Phonetica. O livro da Escripta do
Professor Faulmann.--Porto, 1881.

Essai de Phonétique et de Phonologie de la Langue Portugaise d'après le
dialecte de Lisbonne.--Paris, 1883.

Études de Grammaire Portugaise .--Louvain, 1884.

Mágoas de Werther (romance de J. W. von Goethe trasladado a
português).--Paris, 1885.


POR G. DE VASCONCELLOS ABREU


Questions Védiques.--Paris, 1877.

Sobre a Séde originaria da Gente Árica.--Coimbra, 1878.

Investigação sobre o caracter da Civilisacão Árya-hindu.--Lisboa, 1878.

Importância capital do sãoskrito como base da Glottologia árica e da
Glottologia árica no ensino superior das lettras e da historia.--Lisboa,
1878.

Contribuições mythologicas.

Grammatica da língua sãoskrita: Phonologia.--Lisboa, 1879.

Fragmentos de uma tentativa de Estudo Scoliastico da Epopea Portugueza
(publicados pelo 3.º Centenário de Camões; a 2.ª parte dêste trabalho
foi traduzida em inglês pelo Sr. Donald Fergusson, com o título
«Buddhist Legends from Fragmentos ... by G. de Vasconcellos Abreu.
Translated with additional notes. Ceylon).--1880.--1884.

O Reconhecimento de Chakuntalá (texto devanágrico e tradução portuguesa
do Acto I do célebre drama de Xacuntalá do poeta Calidaça, segundo a
recensão Bengali).--Lisboa, 1878.

Manual para o Estudo do Sãoskrito clássico. Tomo I, Resumo
Grammatical.--Lisboa, 1881-1882.

De l'Origine probable des Toukhâres et leurs migrations à travers
l'Asie.--Louvain. Lisbonne. (Memória acerca da orijem dos Teucros,
apresentada ao Congresso antropolójico de Lisboa em 1880).

A literatura e a relijião dos Árias na índia. Primeira Parte.--Paris,
1885.





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by Gonçalves Viana and Guilherme Abreu

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O conceito de palavra

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-44502004000300007&script=sci_arttext



http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/7461_4.PDF?NrOcoSis=21358&CdLinPrg=pt

A formação de palavras

http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2532.pdf

domingo, julho 15, 2007

OS SIGNOS ATRAVESSANDO A RUA

Por que o Carneiro atravessou a rua? Certamente para conversar com alguém que estava do outro lado.

Por que o Touro atravessou a rua? Porque encasquetou com a ideia.

Por que o Gémeos atravessou a rua? Se nem ele sabe, como é que eu vou saber?

Por que o Caranguejo atravessou a rua? Porque estava se sentindo só e abandonado deste lado de cá.

Por que o Leão atravessou a rua? Para chamar a atenção, sair nos jornais, revistas, etc.

Por que o Virgem atravessou a rua? Ele ainda não atravessou porque está medindo a largura da rua, a velocidade dos carros, se essa experiência é válida, qual seria a melhor hora de atravessar essa rua, etc.

Por que o Balança atravessou a rua? Ele nem precisou atravessar. Alguém acabou oferecendo boleia para ele.

Por que o Escorpião atravessou a rua? Porque era proibido.

Por que o Sagitário atravessou a rua? Porque a ideia pareceu boa e deu vontade.

Por que o Capricórnio atravessou a rua? Porque foi pechinchar nas lojas do outro lado.

Por que o Aquário atravessou a rua? Porque isso faz parte de uma experiência que trará incontáveis avanços tecnológicos no futuro.

Por que o Peixes atravessou a rua? Que rua? Ih, é ...

Nota: Mantive a ortografia brasileira por me parecer mais correcta. Com a palavra "motivo" explícita ou implícita, o "por que" deve ser separado. E não se trata só de convenção.

domingo, julho 08, 2007

87,4% das sondagens são falsas

87,4% das sondagens são falsas

Durante esta semana fui passando os olhos por uma revista, cuja edição no nosso país ainda é limitada, mas que é um sucesso comercial no Chile e na Guatemala. Custa cerca de € 25 e chama-se "The International Source of Useless and Stupid Information for Astronauts and Small Brainless Snails", o que em espanhol é nem mais nem menos que "Fuente Internacional de Informaccion Estupida e Sin Valor para Astronautas e Caracoles Sin Cerebro...". Foi exactamente na secção "Unmannerliness Clown" que uma interessante sondagem me cativou pela frieza dos factos. Esta sondagem teve como universo a população activa dos Estados Unidos da América e a população activa do Botswana, entre Junho de 1999 e Janeiro de 2007.

Estados Unidos da América

2% dos adultos são feridos por jóias todos os anos.
23% come esferovite ocasionalmente
4% conhece a localização geográfica de Portugal
12% já tentou seduzir o próprio cão
7% já tentou plantar um pardal
6,23% já tentou roer as unhas dos pés dos sogros
8,35% conhece 3 espécies de animais
16,08% conhece mais de 5 vogais
21% não consegue soletrar a palavra "great-great-great-grandfather"
24% acredita que os australopitecos são os habitantes da Áustria

Botswana

97% utiliza o Internet Explorer com regularidade
73% vive numa cubata de bambu
88% reconhece as pegadas de 67 espécies de animais em 5 tipos de terreno
1% conhece os número 5, 6 e 9
23% come raízes... e acha isso normal
45% não acha normal comer raízes... comem insectos
21% não acha normal comer
3% comercializa ilegalmente artigos de informática
49% dos homens são loiros de olhos verdes
15% das mulheres são mesmo mulheres

Dr. Matrix

Difusão do alfabeto pelo mundo


Duas obras recomendadas pelo Plano Nacional de Leitura

Apresentamos aqui em primeira edição a obra-prima de Maria de Lurdes Rodrigues, Mona Vazia, ou como lixei a escola pública. Aplaudido pela critica mais liberal esta obra mostra como em apenas dois anos se pode abrir o caminho à futura gestão privada das escolas e como se transformam os educadores dos nossos filhos, os professores, em inimigos públicos da sociedade e culpados do estado em que se encontra a educação em Portugal.

>




















Uma proposta do governo, integrada na Campanha "Novas Oportunidades". Vamos fazer de Portugal um país de Engenheiros!





Vale a pena ler

Vale a pena ler este discurso do Ministro da Educação Brasileiro, proferido nos EUA.

Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA
Data: Seg, 21 Mar 2005 /19:53:01

Este discurso merece ser lido. Afinal não é todos os dias que um Brasileiro dá um "baile" educadíssimo aos Americanos...

Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).
Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr. Cristovam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser Internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar que esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!"

ESTE DISCURSO NÃO FOI PUBLICADO. AJUDE-NOS A DIVULGÁ-LO. Porque é muito importante... mais ainda, porque foi CENSURADO.

Os signos e o sexo

Carneiro: "ok, vamos fazê-lo outra vez!"

Touro: "Estou com fome – passa-me a pizza".

Gémeos: "Viste o comando da televisão?"

Caranguejo: "Quando é que casamos?"

Leão: "Não fui fantástico?"

Virgem: "Preciso de lavar os lençóis".

Balança: "Eu gostei se tu gostaste."

Escorpião: "Talvez seja melhor eu desamarrar-te".

Sagitário: "Não me telefones – Eu telefono-te."

Capricórnio: "Tens um cartão de visita?"

Aquário: "Vamos tentar agora sem roupas!"

Peixes: "Como é que disseste que te chamavas?"


OS SIGNOS ATRAVESSANDO A RUA

Por que o Carneiro atravessou a rua?
Certamente para conversar com alguém que estava do outro lado.

Por que o Touro atravessou a rua?
Porque encasquetou com a ideia.


Por que o Gémeos atravessou a rua?
Se nem ele sabe, como é que eu vou saber?


Por que o Caranguejo atravessou a rua?
Porque estava se sentindo só e abandonado deste lado de cá.

Por que o Leão atravessou a rua?
Para chamar a atenção, sair nos jornais, revistas, etc.

Por que o Virgem atravessou a rua?
Ele ainda não atravessou porque está medindo a largura da rua, a velocidade dos carros, se essa experiência é válida, qual seria a melhor hora de atravessar essa rua, etc.

Por que o Balança atravessou a rua?
Ele nem precisou atravessar. Alguém acabou oferecendo boleia para ele.

Por que o Escorpião atravessou a rua?
Porque era proibido.

Por que o Sagitário atravessou a rua?
Porque a ideia pareceu boa e deu vontade.

Por que o Capricórnio atravessou a rua?
Porque foi pechinchar nas lojas do outro lado.

Por que o Aquário atravessou a rua?
Porque isso faz parte de uma experiência que trará incontáveis avanços tecnológicos no futuro.

Por que o Peixes atravessou a rua?
Que rua? Ih, é ...

Para meditar, e muito!

“Acredito ter achado o elo perdido entre o animal e o homem civilizado: Somos nós.”
Konrad Lorenz

Só eu sei porque sou fã / Só eu sei por que sou fã

Porque/por que, afinal como é?

A 1ª hipótese é parafraseável como "Visto que sou fã, só eu sei (qualquer coisa, não sei o quê)".

A 2ª hipótese é equivalente a "Só eu sei por que razão sou fã".

Em Portugal inventaram um advérbio interrogativo ("porque"), mas a análise linguística põe-no em causa.

Em tempos encontrei um livro com o título "Digo-te, Porque Gosto de Ti! de Zurita, José f .
Avisadamente, o título contém uma vírgula. Assim, podemos parafraseá-lo em "Visto que gosto de ti, digo-te (qualquer coisa). Mas a vírgula nada muda. Quanto muito introduz clareza.
Se fosse "Digo-te por que gosto de ti", poderíamos parafraseá-lo como "Digo-te por que razão/motivo gosto de ti".

http://www2.uol.com.br/linguaportuguesa/incultaebela/ib_010727.htm


Às vezes é justamente a grafia ("junto" ou "separado") o que decide o sentido da frase: "Ninguém sabe por que ele não explicou"; "Ninguém sabe porque ele não explicou". No primeiro caso, ninguém sabe por qual razão ele não explicou, ou seja, desconhece-se o motivo de ele não ter explicado. No segundo, muda tudo. O fato de ele não ter explicado é o motivo de ninguém saber, isto é, as pessoas saberiam se ele tivesse explicado; como ele não explicou, continuaram sem saber.

Este tema pode ser consultado em : "Dúvidas Linguísticas" http://linguistica.publico.clix.pt/duvida.aspx?id=1317


porque / por que, porquê / por quê [Sintaxe / Ortografia]
Qual é a distribuição dos usos de porque, porquê, por que e por quê?
Por - / Portugal em 26/12/2005

Em português europeu, a confusão gráfica entre porque e por que deve-se à dificuldade em distinguir algumas construções (sobre a tipologia oracional abaixo utilizada, aconselha-se a consulta da Gramática do Dicionário da Língua Portuguesa On-line, nomeadamente os quadros Período e oração, Elementos essenciais da oração, Orações coordenadas e Orações Subordinadas).

As principais construções passíveis de gerar confusão são as que se apresentam de (1) a (5).

(1) Orações subordinadas causais introduzidas pela conjunção subordinativa causal porque: Não fizemos compras porque não tínhamos dinheiro.

(2) Orações coordenadas explicativas introduzidas pela conjunção coordenativa explicativa porque: Eles devem ter chegado, porque o cão está a ladrar.

A diferença entre as conjunções exemplificadas em (1) e (2), assim consideradas tradicionalmente (cf. Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 14.ª ed., Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1998, p. 577 e p. 581), é muito ténue.
Em (1) a oração subordinada (porque não tínhamos dinheiro) apresenta uma causa para a oração principal (não fizemos compras), depreendendo-se que o motivo para a ausência de compras foi a falta de dinheiro.
Em (2) a oração coordenada (porque o cão está a ladrar) apresenta uma explicação para a enunciação da primeira oração (eles devem ter chegado), não se depreendendo que o motivo de alguém ter chegado foi o facto de o cão ladrar, tratando-se apenas de uma dedução do emissor.
Esta distinção pouco nítida reflecte-se na recente Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (2004, Ministério da Educação - Departamento do Ensino Secundário, versão 1.0), disponível no sítio da Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação, que propõe apenas a designação de conjunção subordinativa causal para porque (cf. 1). De acordo com esta classificação, porque é usado para estabelecer uma relação entre uma causa (expressa na oração subordinada) e a sua consequência (expressa na oração principal).A nova terminologia linguística reclassificou ainda o homónimo porque de advérbio interrogativo de causa para pronome interrogativo (o mesmo sucedendo com porquê), cujo uso se ilustra em (3). Tal reclassificação parece estar relacionada com o facto de a palavra “que” já ser considerada tradicionalmente um constituinte interrogativo (ex.: que esperam eles?).

(3) Orações interrogativas (directas e indirectas) introduzidas pelo pronome interrogativo porque: Porque esperas? Perguntei porque esperas. Como no caso de outros pronomes interrogativos, a função de porque em (3) é questionar, neste caso a causa, sendo substituível por qual o motivo de/para, qual a causa de/para, qual a razão de/para. Assim, a pergunta Porque esperas? é parafraseável por Qual o motivo de estares à espera?. A resposta a esta interrogativa directa deve explicitar uma causa, sendo habitualmente introduzida pela conjunção causal referida em (1): - Espero porque o médico ainda não me chamou.

(4a) Orações interrogativas (directas e indirectas) que correspondem a um argumento introduzido pela preposição por seguida do pronome/determinante interrogativo que: Por que esperas? Por que peças trocaste os copos que recebeste no Natal? Perguntei por que esperas. Não sei por que peças trocaste os copos que recebeste no Natal. A sequência por que não tem aqui qualquer valor de causa. Efectivamente, na pergunta Por que esperas?, a preposição por pertence à regência do verbo esperar (ex.: tu esperas por alguma coisa) e o pronome interrogativo que corresponde ao argumento nominal do verbo esperar (ex.: tu esperas por alguma coisa). Assim, a pergunta Por que esperas? é parafraseável por Por que coisa esperas?.

(4b) Orações interrogativas (directas e indirectas) introduzidas pela preposição por seguida do determinante interrogativo que com nomes expressos como motivo, causa, razão: Por que motivo chegaram tarde? Indaguei por que motivo chegaram tarde. Nestes casos, a sequência por que tem valor causal pois, ao contrário de (4a), a preposição por não pertence à regência do verbo (ou de outra classe gramatical). As respostas à interrogativa directa Por que motivo chegaram tarde? devem explicitar uma causa, sendo habitualmente introduzidas pela conjunção causal referida em (1): - Porque adormeceram.

(5a) Orações relativas introduzidas por uma preposição argumental por seguida do pronome relativo que: Chegou a encomenda por que esperava.Tal como em (4a), em (5a) a preposição por é regida pelo verbo esperar e o pronome relativo que é o seu argumento nominal, sendo a sequência por que substituível por pela qual: Chegou a encomenda pela qual esperava.

(5b) Orações relativas introduzidas pela preposição por seguida do pronome relativo que: Explicaram o motivo por que chegaram tarde.No caso de (5b), a preposição por não é regência do verbo chegar mas introduz um complemento circunstancial de causa (ex.: chegaram tarde por motivos alheios à sua vontade). Tal como em (5a), a sequência por que é substituível por pelo qual: Explicaram o motivo pelo qual chegaram tarde.Após esta análise, e em jeito de resumo, no português europeu (de Portugal), a grafia porque é usada para explicitar uma causa, sendo substituível por pois, já que, visto que, dado que, uma vez que (cf. 1 e 2, onde se comporta como conjunção) e quando é substituível por qual o motivo de (cf. 3, onde se comporta como pronome interrogativo). A grafia por que é usada quando antecede substantivos como razão, motivo, causa ou afins (cf. 4b) e quando é substituível pelo sintagma por que coisa (cf. 4a) ou por pelo qual/pela qual/pelos quais/pelas quais (cf. 5a e 5b).Convém referir que a ortografia é um conjunto de regras convencionadas, e, como tal, artificiais. A prova disso é a discrepância das normas de justaposição e de separação em Portugal e no Brasil, relativamente à escrita de porque/por que. Assim, e ao contrário da ortografia portuguesa, a ortografia brasileira preconiza porque sempre separado nas orações interrogativas (Por que mentiram? Não sei por que mentiram.). Tal acontece porque a terminologia gramatical brasileira não considera a existência de um constituinte interrogativo justaposto porque, ao contrário da actual terminologia linguística portuguesa, que o considera um pronome interrogativo (cf. 3).O mesmo acontece com porquê/por quê. Em Portugal, escreve-se sempre justaposto quando é pronome interrogativo (ex.: Porquê complicar? Devolveu a mercadoria, não sei porquê.) ou quando é substantivo masculino (ex.: Desconheço o/s porquê/s daquele comportamento.). No Brasil, escreve-se justaposto apenas quando é substantivo; quando é usado em orações interrogativas, é escrito separadamente (ex.: Por quê complicar? Devolveu a mercadoria, não sei por quê.).

Para uma análise mais aprofundada deste fenómeno, aconselha-se a consulta de algumas secções de obras de referência (cf., por exemplo, João Andrade PERES e Telmo MÓIA, Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa: Caminho, 1995, pp. 340-353 ou Maria Helena Mira MATEUS, Ana Maria BRITO, Inês DUARTE, Isabel Hub FARIA et al., Gramática da Língua Portuguesa, 5.ª ed., Lisboa: Caminho, 2003, pp. 568-574).
Por Cláudia Pinto em 26/12/2005

Comentários a esta resposta (27)

Acho inacreditável o erro que encontro aqui! Pondo de parte os casos 4a e 5a, onde é óbvio que não se trata de uma expressão que denota causa («por que» ou «porque»), mas tão-só um acaso linguístico, devemos concentrar-nos apenas nos outros casos. A prática ensinou-me um truque muito simples, que dispensa estas confusas esplicações: substituir pelo equivalente em inglês. Quando em inglês é «why», em português é sempre «por que» (simplificação de «por que razão» ou «por que motivo», MESMO NO CASO 3, EM QUE A RESPOSTA AQUI INVOCADA ESTÁ ERRADA). Quando em inglês é «because», em português é «porque». Um indaga sobre a causa, o outro explica-a. É simples!!!!
Jorge Rosa em 23/11/2006

Costumo ler as respostas às dúvidas linguísticas neste site com muita atenção e interesse e, apesar de haver respostas complicadas, acho que as explicações são directamente proporcionais à complexidade das questões. De vez em quando há comentários idiotas de pessoas que acham que são muito espertas e mais sabedoras do que toda a gente. É o caso do comentário de um senhor Jorge Rosa à resposta "porque / por que, porquê / por quê". Se fosse assim tão simples, não haveria tanta gente a escrever sobre o assunto... Se o senhor se insurge contra o que acha inacreditável, deveria pelo menos consultar o dicionário e escrever as suas brilhantes "esplicações" correctamente.
Madalena Ferreira em 27/11/2006

Não duvido da qualidade da explicação dada no artigo mas, é certo que as dúvidas existentes não estão dissecadas da forma mais simples, ou compreensível.
João Afonso em 28/11/2006

Jorge Rosa tem razão. Há cerca de um século um linguista português enganou-se na compreensão do "porque" e do "por que". E a partir daí foi o que se viu em Portugal (mas não no Brasil!): os linguistas nem sabem explicar bem as coisas. Senão, vejamos: segundo as regras erradas aqui atabalhoadamente explicadas, as seguintes duas afirmações seriam correctas, para traduzir "Why have you come today?": 1) "Porque vieste hoje?" e 2) "Por que razão vieste hoje?". Ora, é absurdo defender que só porque em 1 não está lá a palavra "razão" devemos escrever "porque" em vez de "por que". Além disso, segundo estas regras erradas, 1 seria ambíguo porque teria de traduzir igualmente "Because you came today?", que tem um significado completamente diferente ("É porque vieste hoje que não me telefonaste?"). Portanto, faça-se como Jorge Rosa indica -- é o que eu faço há anos. E quando um revisor tipográfico me chateia, acrescento a palavra "razão" ou "motivo". O que jamais farei é escrever 1 no sentido de 2. Isso é um disparate.
Desidério Murcho em 29/11/2006

Então e as pessoas que, ao contrário destes senhores brilhantes, não dominam o inglês e o "because" e o "why" (acho que se esqueceram do "for") como é que vai fazer para saber usar "porque" e "por que" em PORTUGUÊS? Na verdade não percebo muito do que li na resposta de Cláudia Pinto (confesso que tenho de imprimir e ler com mais atenção), mas o que dizem os senhores Rosa e Murcho não ajuda muito, pois escamoteia o principal do problema: a explicitação do conhecimento linguístico, que é indispensável para, por exemplo, ensinar sem usar mnemónicas e "truques" impressionísticos e de pouco rigor.
Catarina Catanho em 30/11/2006

Apesar de às vezes serem explicações muito complicadas (se calhar são essas que suscitam tantos comentários como estes em que me incluo), quero agradecer-vos este serviço tão útil (e gratuito!) que continuarei a consultar (prometo ser parca em comentários).
Catarina Catanho em 30/11/2006

Concordo com o comentário de Catarina Catanho: efectivamente, a explicação não deve ser dada com base numa língua estrangeira. De resto, concordo com o que diz Desidério Murcho e sigo a mesma prática. Só se deve escrever "porque" nos casos (1) e (2). Em todos os outros, deve usar-se a locução "por que", nomeadamente nas frases interrogativas (directas ou indirectas).
Fernando Nabais em 4/12/2006

Não percebo a embirração com os exemplos de (3). Afinal as gramáticas e os dicionários são unânimes no registo desse elemento interrogativo. Não era má ideia reler um pouco a gramática sobre este assunto antes de enviar comentários alarmistas ou de propor o uso do Inglês para resolver os problemas que temos com o Português. Pode-se pensar que não há grande mal nisso (mas será que todos os portugueses dominam a língua inglesa?), não fosse o facto de dessa forma se contribuir para o desconhecimento das estruturas próprias do Português. Não se sabe? Não se tem a certeza? Não se percebe bem? Então investigue-se, procure-se, estude-se, reflicta-se (e isto é válido para a língua portuguesa e para tudo o resto)...
Matias M. em 6/12/2006

Sou professor de português e este tem sido um site útil, nomeadamente nas referências bibliográficas que apresenta. A Dr.ª Cláudia Pinto apresenta fontes credíveis para a sua argumentação e é um pouco estranho que alguns destes comentários contrariem as recomendações de gramáticas de referência, afirmando que é tudo muito fácil (se fosse, esta não seria das dúvidas mais consultadas do site... e das mais comentadas também) e que é como no inglês.
Duarte Silva em 7/12/2006

Isto de escrever bem exige muito pensar, por isso acho óptimo, lindo e delicioso que se encontrem lugares como este na net. Confesso que também eu me deparo com esta e muitas outras dúvidas e sentia a falta de poder partilhá-las, bem como de resolvê-las!!! Apesar de alguma complexidade nas respostas, ficam claras as várias possibilidades de por que e de porque. Obrigada!
Fernanda Gonçalves em 8/12/2006

É muito estranho as perguntas mais consultadas serem sempre as mesmas há muitas semanas, mas esta deve ser com certeza a dúvida a mais comentada. Também eu a comento apenas para dizer que a resposta respondeu às minhas dúvidas e que me confirmou que o meu procedimento enquanto revisor tipográfico estava correcto. Está baseada em bibliografia e parece quase inatacável exactamente porque tem referências sólidas e procura abarcar toda a complexidade da questão, sem o discurso da facilidade. Parabéns pelo serviço e pela qualidade das respostas.
Fernando Freitas em 10/12/2006

Acho que a explicação não poderia ser mais clara e mais correcta. E o ponto número 3 está correctíssimo, apesar de haver quem ache que não só porque tem um "truque"... A explicação aqui apresentada não só está de acordo com as regras gramaticais como não podia estar mais clara e fazer mais sentido. Parabéns por este espaço.
Rita Saraiva em 11/12/2006

Discordar ou argumentar não significa desrespeitar. Esta iniciativa do "Público" merece-me todo o respeito e - mais - todo o crédito. O argumento da "auctoritas" por si só não é suficiente, ou seja, não basta que uma regra esteja presente em dicionários ou gramáticas para que seja obrigatório deixar de pensar sobre a validade dessa mesma regra. Aliás, o facto de ser professor de Português obriga-me a ser um leitor "crítico" e não um receptáculo passivo de informação. Deixo mais um contributo para este debate, retirado da p. 301 do "Dicionário de erros e problemas de linguagem" de Rodrigo de Sá Nogueira: "Para mim, a grafia correcta deveria ser «por que?», porque (conj. caus.) vejo ali uma frase elíptica: naquela frase está elidido o substantivo "razão" ou "motivo".(...) Agora, pergunto eu: «por que razão se hão-de separar os dois elementos, quando aparece o substantivo "razão" ou "motivo", e se não hão-de separar esses elementos, quando se elide esse substantivo?». Nem sempre concordo com este autor, mas a verdade é que considero este raciocínio muito válido.
Fernando Nabais em 12/12/2006

O argumento apresentado pelo Fernando Nabais (obrigado pelo esclarecimento!), citando Sá Nogueira, é precisamente o argumento que apresentei antes e penso que está correcto. Os linguistas fizeram uma confusão, por algum motivo. As frases "Por que razão não me telefonaste?" e "Por que não me telefonaste?" têm o mesmo significado exactamente e a segunda limita-se a elidir a palavra "razão". É absurdo argumentar que na segunda, porque não está lá a palavra "razão", se deve escrever "porque". Seria como argumentar que se deve escrever "A Joana chorou. Sentia-se desolado." porque na segunda frase não se diz explicitamente "Ela sentia-se desolada". Pois! Não diz explicitamente, mas diz implicitamente. E portanto mantém-se o género feminino. Claro! Idem aspas para o "por que". Parabéns ao Público por este serviço e aos linguistas que nos aturam!
Desidério Murcho em 20/12/2006

Também adiro à posição de J. Rosa e D. Murcho, que, aliás, é defendida por A. Peres e Telmo Móia em "Áreas Críticas da Língua Portuguesa", pp. 340-353. Nem todos os linguistas estão do lado da resposta que se pretende "oficial". Aliás, os linguistas brasileiros também não estão, como se lê na própria resposta do Público. Os mais incomodados com o truque de usar o inglês podem usar, em vez disso, o alemão ou o francês. Quando se traduz por "warum" ou "pourquoi", em português é "por que" ou "porquê"; quando se traduz or "weil" ou "parce que", em português é "porque". A verdade é que há em várias línguas o reconhecimento de uma dicotomia de sentidos que não se percebe por que é que seria diferente em português e que, manifestamente, deve ser observada na ortografia.
Pedro Múrias em 9/1/2007

Só um comentário ao inglês do Sr. Murcho, deve-se dizer "Why did you come" e não "Why have you come".
Estadista em 12/1/2007

Penso que seria mais correcto ter dito "deve dizer-se" do que "deve-se dizer". Mas quem sou eu para o afirmar.
Miguel Ribeiro em 30/1/2007

Incrível, a energia que todos nós despendemos nestas questões!... É a primeira vez que consulto esta página e fiquei perplexa com a quantidade e a qualidade dos comentários. Gostaria de acrescentar (porque também me incluo no grupo das pessoas que gostam de perder tempo a falar de gramática) que a questão do porque/por que não encontra resposta consensual nas diversas gramáticas, por isso o falante comum acaba por se ver confundido depois de as consultar. É por essa razão que estas páginas virtuais são tão úteis: têm a mais-valia de permitirem o diálogo sobre as questões que os senhores linguistas supostamente solucionam sozinhos nos livros impressos. Por mim, a resposta de Cláudia Pinto é elucidativa. O que alguns comentadores apontam como falha também compreendo: parece ridículo mudarmos de palavra para expressão (porque/por que) apenas porque a palavra motivo ou razão está na frase. Contudo, é algo semelhante o que fazemos noutros contextos. Por exemplo, escrevemos "saí antes dele", mas "saí antes de ele sair" - no segundo caso, por causa do verbo no Particípio. Alguém se insurge contra isso? Penso que não. Finalmente, o Estadista não tem razão, pois pode perfeitamente usar-se em inglês o Present Perfect em perguntas como "why have you come?" - tudo depende do sentido.
professora de Português que não sabe tudo e dispos em 14/2/2007
"disposta a aprender" era o resto da minha assinatura (demasiado longa, desculpem). Aproveito para convidar todos os leitores a visitar o meu novo blogue: www.linguamodadoisec.blogspot.com
a mesma professora em 14/2/2007

Perdão por mais um comentário, mas enganei-me no tempo do verbo: obviamente, era Infinitivo e não Particípio, o "sair" que obriga a escrever "antes de ele" em vez de "antes dele". Obrigada.
ainda a mesma professora em 15/2/2007

O ponto 3 deste comentário está totalmente errado. "Por que ?" é um advérbio interrogativo que interroga a causa, introduzindo uma "Oração Interrogativa Parcial com Advérbio Interrogativo". As outras orações de igual tipo são as introduzidas pelos pronomes interrogativos "Quando?", "Onde?" e "Como?" que interrogam respectivamente o tempo, o lugar e o modo/meio/instrumento". Todos estes pronomes podem ser reforçados pela construção "é que". Estes pronomes para além de ocuparem o tópico da frase podem deslocar-se para outras posições. No caso de "por que", formado por dois monossílabos átonos, em posição final temos o dissílabo tónico "porquê". O problema das interrogativas em português foi um dos tópicos da minha tese de mestrado, que as estudou numa perspectiva contrastiva. Tudo isto está publicado pela Universidade de Macau sob o título "Interrogativas em português e em chinês: descrição, confronto e aplicação didáctica".
Raul Borges de Andrade Pissarra em 19/2/2007

Referindo-me a um comentário anterior, queria fazer uma observação: é errado falar em tempo verbal, quando lidamos com as formas nominais Infinitivo e Particípio. O Tempo nestas formas depende sempre do tempo verbal de que dependem estas formas. Exemplos: "Vou passear", "Fui passear".
Álvaro Sueste em 20/2/2007

Já agora, gostaria de contrapor a esta última argumentação a de que em relação à frase "saí antes de ele sair" não é assim tão descabido falar em "tempo verbal" porque se trata do Infinitivo Pessoal, conjugável em todas as pessoas (poderíamos ter, por exemplo, "saí antes de eles saírem" ou "saí antes de tu saíres"). Nessa frase aliás, não se pode dizer que a tal "forma nominal" depende de outro verbo, como em "vou/fui passear".
ainda a mesma professora em 24/2/2007

Compare "saí antes de eles saírem" com "sairei antes de eles saírem". Acha que a forma infinitiva tem valor temporal ?
Álvaro Sueste em 27/2/2007

Apesar de a data do último comentário ser relativamente "antiga", esta questão parece ainda suscitar algumas dúvidas. Uma pergunta: se não faz sentido passar a escrever "porque" quando "motivo" ou "razão" desaparecem, então citem-me um caso em que "porque" faça sequer sentido... Acho que estão a fazer o raciocínio inverso... E - se conseguirem... - citem-me um exemplo em que "porque" não é substituível por "por que motivo/razão", argumento tão falaciosamente usado para justificar o uso de "por que"? Parabéns à Cláudia Pinto - bem explicado e esclarecedor. Pesquisem e estudem: http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=19733 Bom trabalho
S. em 30/3/2007

O texto de "S" prima pela confusão e falta de clareza, dando os parabéns a Claudia Torres que explica bem, embora faça um erro; depois sugere que os outros estudem e pesquisem. Aconselho "S" a ler Rodrigues Lapa para ganhar clareza no seu discurso.
Raul Andrade Pissarra em 13/4/2007

Parecer, opinião, de um brasileiro: as explicações dadas são perfeitamente claras e coerentes. Ora, senhores, temos que conhecer o uso e normas da nossa língua portuguesa, e não buscarmos comparações com a língua inglesa.
Otto Volkmann em 27/5/2007

terça-feira, julho 03, 2007

Demais/de mais mais uma vez.

"Demais"/"de mais" - já andei às voltas com as formas livres, presas e dependentes para tentar estabelecer critérios objectivos que nos permitissem distinguir as palavras das locuções e dos encontros vocabulares fortuitos, mas ainda não acabei esse trabalho. "Gosto demais de mais açúcar no café" parece-me preferível a "gosto de mais de mais açúcar no café". Em suma, há um encontro fortuito de "de" com "mais", por vezes, veja-se o segundo “de mais” na frase. E já agora, acho que é o caso do “de menos”. Quando temos “de menos” é um encontro fortuito de “de” com “menos”:”Gosto de menos açúcar no café”. Ou seja, não existe uma locução “de menos”. Assim, quando se argumenta que tem que ser “de mais” por se opor a “de menos” está a dizer-se que tem que ser uma locução por se opor a um encontro fortuito. Então o problema está em saber se existe ou não uma locução “de mais” preferível a uma só palavra “demais”. Temos “devagar”, “depressa”, mas “de repente”. Será só para evitar o dobrar do “r” (“derrepente”)? Se disser “com vagar” ou “com pressa”, escrevo separado, no entanto isso não é argumento para separar o “depressa”. Será só porque Rebelo Gonçalves estabeleceu que assim devia ser? Antes de Rebelo Gonçalves assim o ter determinado era “de pressa” e “de vagar”. Afinal o que é uma locução? E não estou a pôr a questão meramente em termos ortográficos, mas sim linguísticos. Se existir uma locução “de mais” na língua deveremos escrever separado, se não existir essa locução, deveremos escrever numa só palavra o que será uma só palavra. Mas já começo a ficar desconfiado que nós chamamos "locução" a qualquer coisa que escrevemos separado porque nos repugna juntar, mas que a língua já juntou. Por outras palavras: a locução só existe na escrita. Chama-se locução porque escrevemos separado. "De repente" é locução porque escrevemos em duas palavras. E só escrevemos em duas palavras porque ainda não resolvemos a questão dos dois "erres": "derrepente". "Depressa" ou "devagar" não levantam problemas a nível da grafia. "Com certeza" já é outro caso. Não se trata de uma locução, mas de um encontro fortuito de "com" com "certeza". O meu problema actual é a ontologia das locuções... Não acredito em bruxas, pero que las hay, las hay!