Questões de português e de comunicação

domingo, julho 08, 2007

Só eu sei porque sou fã / Só eu sei por que sou fã

Porque/por que, afinal como é?

A 1ª hipótese é parafraseável como "Visto que sou fã, só eu sei (qualquer coisa, não sei o quê)".

A 2ª hipótese é equivalente a "Só eu sei por que razão sou fã".

Em Portugal inventaram um advérbio interrogativo ("porque"), mas a análise linguística põe-no em causa.

Em tempos encontrei um livro com o título "Digo-te, Porque Gosto de Ti! de Zurita, José f .
Avisadamente, o título contém uma vírgula. Assim, podemos parafraseá-lo em "Visto que gosto de ti, digo-te (qualquer coisa). Mas a vírgula nada muda. Quanto muito introduz clareza.
Se fosse "Digo-te por que gosto de ti", poderíamos parafraseá-lo como "Digo-te por que razão/motivo gosto de ti".

http://www2.uol.com.br/linguaportuguesa/incultaebela/ib_010727.htm


Às vezes é justamente a grafia ("junto" ou "separado") o que decide o sentido da frase: "Ninguém sabe por que ele não explicou"; "Ninguém sabe porque ele não explicou". No primeiro caso, ninguém sabe por qual razão ele não explicou, ou seja, desconhece-se o motivo de ele não ter explicado. No segundo, muda tudo. O fato de ele não ter explicado é o motivo de ninguém saber, isto é, as pessoas saberiam se ele tivesse explicado; como ele não explicou, continuaram sem saber.

Este tema pode ser consultado em : "Dúvidas Linguísticas" http://linguistica.publico.clix.pt/duvida.aspx?id=1317


porque / por que, porquê / por quê [Sintaxe / Ortografia]
Qual é a distribuição dos usos de porque, porquê, por que e por quê?
Por - / Portugal em 26/12/2005

Em português europeu, a confusão gráfica entre porque e por que deve-se à dificuldade em distinguir algumas construções (sobre a tipologia oracional abaixo utilizada, aconselha-se a consulta da Gramática do Dicionário da Língua Portuguesa On-line, nomeadamente os quadros Período e oração, Elementos essenciais da oração, Orações coordenadas e Orações Subordinadas).

As principais construções passíveis de gerar confusão são as que se apresentam de (1) a (5).

(1) Orações subordinadas causais introduzidas pela conjunção subordinativa causal porque: Não fizemos compras porque não tínhamos dinheiro.

(2) Orações coordenadas explicativas introduzidas pela conjunção coordenativa explicativa porque: Eles devem ter chegado, porque o cão está a ladrar.

A diferença entre as conjunções exemplificadas em (1) e (2), assim consideradas tradicionalmente (cf. Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 14.ª ed., Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1998, p. 577 e p. 581), é muito ténue.
Em (1) a oração subordinada (porque não tínhamos dinheiro) apresenta uma causa para a oração principal (não fizemos compras), depreendendo-se que o motivo para a ausência de compras foi a falta de dinheiro.
Em (2) a oração coordenada (porque o cão está a ladrar) apresenta uma explicação para a enunciação da primeira oração (eles devem ter chegado), não se depreendendo que o motivo de alguém ter chegado foi o facto de o cão ladrar, tratando-se apenas de uma dedução do emissor.
Esta distinção pouco nítida reflecte-se na recente Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (2004, Ministério da Educação - Departamento do Ensino Secundário, versão 1.0), disponível no sítio da Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação, que propõe apenas a designação de conjunção subordinativa causal para porque (cf. 1). De acordo com esta classificação, porque é usado para estabelecer uma relação entre uma causa (expressa na oração subordinada) e a sua consequência (expressa na oração principal).A nova terminologia linguística reclassificou ainda o homónimo porque de advérbio interrogativo de causa para pronome interrogativo (o mesmo sucedendo com porquê), cujo uso se ilustra em (3). Tal reclassificação parece estar relacionada com o facto de a palavra “que” já ser considerada tradicionalmente um constituinte interrogativo (ex.: que esperam eles?).

(3) Orações interrogativas (directas e indirectas) introduzidas pelo pronome interrogativo porque: Porque esperas? Perguntei porque esperas. Como no caso de outros pronomes interrogativos, a função de porque em (3) é questionar, neste caso a causa, sendo substituível por qual o motivo de/para, qual a causa de/para, qual a razão de/para. Assim, a pergunta Porque esperas? é parafraseável por Qual o motivo de estares à espera?. A resposta a esta interrogativa directa deve explicitar uma causa, sendo habitualmente introduzida pela conjunção causal referida em (1): - Espero porque o médico ainda não me chamou.

(4a) Orações interrogativas (directas e indirectas) que correspondem a um argumento introduzido pela preposição por seguida do pronome/determinante interrogativo que: Por que esperas? Por que peças trocaste os copos que recebeste no Natal? Perguntei por que esperas. Não sei por que peças trocaste os copos que recebeste no Natal. A sequência por que não tem aqui qualquer valor de causa. Efectivamente, na pergunta Por que esperas?, a preposição por pertence à regência do verbo esperar (ex.: tu esperas por alguma coisa) e o pronome interrogativo que corresponde ao argumento nominal do verbo esperar (ex.: tu esperas por alguma coisa). Assim, a pergunta Por que esperas? é parafraseável por Por que coisa esperas?.

(4b) Orações interrogativas (directas e indirectas) introduzidas pela preposição por seguida do determinante interrogativo que com nomes expressos como motivo, causa, razão: Por que motivo chegaram tarde? Indaguei por que motivo chegaram tarde. Nestes casos, a sequência por que tem valor causal pois, ao contrário de (4a), a preposição por não pertence à regência do verbo (ou de outra classe gramatical). As respostas à interrogativa directa Por que motivo chegaram tarde? devem explicitar uma causa, sendo habitualmente introduzidas pela conjunção causal referida em (1): - Porque adormeceram.

(5a) Orações relativas introduzidas por uma preposição argumental por seguida do pronome relativo que: Chegou a encomenda por que esperava.Tal como em (4a), em (5a) a preposição por é regida pelo verbo esperar e o pronome relativo que é o seu argumento nominal, sendo a sequência por que substituível por pela qual: Chegou a encomenda pela qual esperava.

(5b) Orações relativas introduzidas pela preposição por seguida do pronome relativo que: Explicaram o motivo por que chegaram tarde.No caso de (5b), a preposição por não é regência do verbo chegar mas introduz um complemento circunstancial de causa (ex.: chegaram tarde por motivos alheios à sua vontade). Tal como em (5a), a sequência por que é substituível por pelo qual: Explicaram o motivo pelo qual chegaram tarde.Após esta análise, e em jeito de resumo, no português europeu (de Portugal), a grafia porque é usada para explicitar uma causa, sendo substituível por pois, já que, visto que, dado que, uma vez que (cf. 1 e 2, onde se comporta como conjunção) e quando é substituível por qual o motivo de (cf. 3, onde se comporta como pronome interrogativo). A grafia por que é usada quando antecede substantivos como razão, motivo, causa ou afins (cf. 4b) e quando é substituível pelo sintagma por que coisa (cf. 4a) ou por pelo qual/pela qual/pelos quais/pelas quais (cf. 5a e 5b).Convém referir que a ortografia é um conjunto de regras convencionadas, e, como tal, artificiais. A prova disso é a discrepância das normas de justaposição e de separação em Portugal e no Brasil, relativamente à escrita de porque/por que. Assim, e ao contrário da ortografia portuguesa, a ortografia brasileira preconiza porque sempre separado nas orações interrogativas (Por que mentiram? Não sei por que mentiram.). Tal acontece porque a terminologia gramatical brasileira não considera a existência de um constituinte interrogativo justaposto porque, ao contrário da actual terminologia linguística portuguesa, que o considera um pronome interrogativo (cf. 3).O mesmo acontece com porquê/por quê. Em Portugal, escreve-se sempre justaposto quando é pronome interrogativo (ex.: Porquê complicar? Devolveu a mercadoria, não sei porquê.) ou quando é substantivo masculino (ex.: Desconheço o/s porquê/s daquele comportamento.). No Brasil, escreve-se justaposto apenas quando é substantivo; quando é usado em orações interrogativas, é escrito separadamente (ex.: Por quê complicar? Devolveu a mercadoria, não sei por quê.).

Para uma análise mais aprofundada deste fenómeno, aconselha-se a consulta de algumas secções de obras de referência (cf., por exemplo, João Andrade PERES e Telmo MÓIA, Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa: Caminho, 1995, pp. 340-353 ou Maria Helena Mira MATEUS, Ana Maria BRITO, Inês DUARTE, Isabel Hub FARIA et al., Gramática da Língua Portuguesa, 5.ª ed., Lisboa: Caminho, 2003, pp. 568-574).
Por Cláudia Pinto em 26/12/2005

Comentários a esta resposta (27)

Acho inacreditável o erro que encontro aqui! Pondo de parte os casos 4a e 5a, onde é óbvio que não se trata de uma expressão que denota causa («por que» ou «porque»), mas tão-só um acaso linguístico, devemos concentrar-nos apenas nos outros casos. A prática ensinou-me um truque muito simples, que dispensa estas confusas esplicações: substituir pelo equivalente em inglês. Quando em inglês é «why», em português é sempre «por que» (simplificação de «por que razão» ou «por que motivo», MESMO NO CASO 3, EM QUE A RESPOSTA AQUI INVOCADA ESTÁ ERRADA). Quando em inglês é «because», em português é «porque». Um indaga sobre a causa, o outro explica-a. É simples!!!!
Jorge Rosa em 23/11/2006

Costumo ler as respostas às dúvidas linguísticas neste site com muita atenção e interesse e, apesar de haver respostas complicadas, acho que as explicações são directamente proporcionais à complexidade das questões. De vez em quando há comentários idiotas de pessoas que acham que são muito espertas e mais sabedoras do que toda a gente. É o caso do comentário de um senhor Jorge Rosa à resposta "porque / por que, porquê / por quê". Se fosse assim tão simples, não haveria tanta gente a escrever sobre o assunto... Se o senhor se insurge contra o que acha inacreditável, deveria pelo menos consultar o dicionário e escrever as suas brilhantes "esplicações" correctamente.
Madalena Ferreira em 27/11/2006

Não duvido da qualidade da explicação dada no artigo mas, é certo que as dúvidas existentes não estão dissecadas da forma mais simples, ou compreensível.
João Afonso em 28/11/2006

Jorge Rosa tem razão. Há cerca de um século um linguista português enganou-se na compreensão do "porque" e do "por que". E a partir daí foi o que se viu em Portugal (mas não no Brasil!): os linguistas nem sabem explicar bem as coisas. Senão, vejamos: segundo as regras erradas aqui atabalhoadamente explicadas, as seguintes duas afirmações seriam correctas, para traduzir "Why have you come today?": 1) "Porque vieste hoje?" e 2) "Por que razão vieste hoje?". Ora, é absurdo defender que só porque em 1 não está lá a palavra "razão" devemos escrever "porque" em vez de "por que". Além disso, segundo estas regras erradas, 1 seria ambíguo porque teria de traduzir igualmente "Because you came today?", que tem um significado completamente diferente ("É porque vieste hoje que não me telefonaste?"). Portanto, faça-se como Jorge Rosa indica -- é o que eu faço há anos. E quando um revisor tipográfico me chateia, acrescento a palavra "razão" ou "motivo". O que jamais farei é escrever 1 no sentido de 2. Isso é um disparate.
Desidério Murcho em 29/11/2006

Então e as pessoas que, ao contrário destes senhores brilhantes, não dominam o inglês e o "because" e o "why" (acho que se esqueceram do "for") como é que vai fazer para saber usar "porque" e "por que" em PORTUGUÊS? Na verdade não percebo muito do que li na resposta de Cláudia Pinto (confesso que tenho de imprimir e ler com mais atenção), mas o que dizem os senhores Rosa e Murcho não ajuda muito, pois escamoteia o principal do problema: a explicitação do conhecimento linguístico, que é indispensável para, por exemplo, ensinar sem usar mnemónicas e "truques" impressionísticos e de pouco rigor.
Catarina Catanho em 30/11/2006

Apesar de às vezes serem explicações muito complicadas (se calhar são essas que suscitam tantos comentários como estes em que me incluo), quero agradecer-vos este serviço tão útil (e gratuito!) que continuarei a consultar (prometo ser parca em comentários).
Catarina Catanho em 30/11/2006

Concordo com o comentário de Catarina Catanho: efectivamente, a explicação não deve ser dada com base numa língua estrangeira. De resto, concordo com o que diz Desidério Murcho e sigo a mesma prática. Só se deve escrever "porque" nos casos (1) e (2). Em todos os outros, deve usar-se a locução "por que", nomeadamente nas frases interrogativas (directas ou indirectas).
Fernando Nabais em 4/12/2006

Não percebo a embirração com os exemplos de (3). Afinal as gramáticas e os dicionários são unânimes no registo desse elemento interrogativo. Não era má ideia reler um pouco a gramática sobre este assunto antes de enviar comentários alarmistas ou de propor o uso do Inglês para resolver os problemas que temos com o Português. Pode-se pensar que não há grande mal nisso (mas será que todos os portugueses dominam a língua inglesa?), não fosse o facto de dessa forma se contribuir para o desconhecimento das estruturas próprias do Português. Não se sabe? Não se tem a certeza? Não se percebe bem? Então investigue-se, procure-se, estude-se, reflicta-se (e isto é válido para a língua portuguesa e para tudo o resto)...
Matias M. em 6/12/2006

Sou professor de português e este tem sido um site útil, nomeadamente nas referências bibliográficas que apresenta. A Dr.ª Cláudia Pinto apresenta fontes credíveis para a sua argumentação e é um pouco estranho que alguns destes comentários contrariem as recomendações de gramáticas de referência, afirmando que é tudo muito fácil (se fosse, esta não seria das dúvidas mais consultadas do site... e das mais comentadas também) e que é como no inglês.
Duarte Silva em 7/12/2006

Isto de escrever bem exige muito pensar, por isso acho óptimo, lindo e delicioso que se encontrem lugares como este na net. Confesso que também eu me deparo com esta e muitas outras dúvidas e sentia a falta de poder partilhá-las, bem como de resolvê-las!!! Apesar de alguma complexidade nas respostas, ficam claras as várias possibilidades de por que e de porque. Obrigada!
Fernanda Gonçalves em 8/12/2006

É muito estranho as perguntas mais consultadas serem sempre as mesmas há muitas semanas, mas esta deve ser com certeza a dúvida a mais comentada. Também eu a comento apenas para dizer que a resposta respondeu às minhas dúvidas e que me confirmou que o meu procedimento enquanto revisor tipográfico estava correcto. Está baseada em bibliografia e parece quase inatacável exactamente porque tem referências sólidas e procura abarcar toda a complexidade da questão, sem o discurso da facilidade. Parabéns pelo serviço e pela qualidade das respostas.
Fernando Freitas em 10/12/2006

Acho que a explicação não poderia ser mais clara e mais correcta. E o ponto número 3 está correctíssimo, apesar de haver quem ache que não só porque tem um "truque"... A explicação aqui apresentada não só está de acordo com as regras gramaticais como não podia estar mais clara e fazer mais sentido. Parabéns por este espaço.
Rita Saraiva em 11/12/2006

Discordar ou argumentar não significa desrespeitar. Esta iniciativa do "Público" merece-me todo o respeito e - mais - todo o crédito. O argumento da "auctoritas" por si só não é suficiente, ou seja, não basta que uma regra esteja presente em dicionários ou gramáticas para que seja obrigatório deixar de pensar sobre a validade dessa mesma regra. Aliás, o facto de ser professor de Português obriga-me a ser um leitor "crítico" e não um receptáculo passivo de informação. Deixo mais um contributo para este debate, retirado da p. 301 do "Dicionário de erros e problemas de linguagem" de Rodrigo de Sá Nogueira: "Para mim, a grafia correcta deveria ser «por que?», porque (conj. caus.) vejo ali uma frase elíptica: naquela frase está elidido o substantivo "razão" ou "motivo".(...) Agora, pergunto eu: «por que razão se hão-de separar os dois elementos, quando aparece o substantivo "razão" ou "motivo", e se não hão-de separar esses elementos, quando se elide esse substantivo?». Nem sempre concordo com este autor, mas a verdade é que considero este raciocínio muito válido.
Fernando Nabais em 12/12/2006

O argumento apresentado pelo Fernando Nabais (obrigado pelo esclarecimento!), citando Sá Nogueira, é precisamente o argumento que apresentei antes e penso que está correcto. Os linguistas fizeram uma confusão, por algum motivo. As frases "Por que razão não me telefonaste?" e "Por que não me telefonaste?" têm o mesmo significado exactamente e a segunda limita-se a elidir a palavra "razão". É absurdo argumentar que na segunda, porque não está lá a palavra "razão", se deve escrever "porque". Seria como argumentar que se deve escrever "A Joana chorou. Sentia-se desolado." porque na segunda frase não se diz explicitamente "Ela sentia-se desolada". Pois! Não diz explicitamente, mas diz implicitamente. E portanto mantém-se o género feminino. Claro! Idem aspas para o "por que". Parabéns ao Público por este serviço e aos linguistas que nos aturam!
Desidério Murcho em 20/12/2006

Também adiro à posição de J. Rosa e D. Murcho, que, aliás, é defendida por A. Peres e Telmo Móia em "Áreas Críticas da Língua Portuguesa", pp. 340-353. Nem todos os linguistas estão do lado da resposta que se pretende "oficial". Aliás, os linguistas brasileiros também não estão, como se lê na própria resposta do Público. Os mais incomodados com o truque de usar o inglês podem usar, em vez disso, o alemão ou o francês. Quando se traduz por "warum" ou "pourquoi", em português é "por que" ou "porquê"; quando se traduz or "weil" ou "parce que", em português é "porque". A verdade é que há em várias línguas o reconhecimento de uma dicotomia de sentidos que não se percebe por que é que seria diferente em português e que, manifestamente, deve ser observada na ortografia.
Pedro Múrias em 9/1/2007

Só um comentário ao inglês do Sr. Murcho, deve-se dizer "Why did you come" e não "Why have you come".
Estadista em 12/1/2007

Penso que seria mais correcto ter dito "deve dizer-se" do que "deve-se dizer". Mas quem sou eu para o afirmar.
Miguel Ribeiro em 30/1/2007

Incrível, a energia que todos nós despendemos nestas questões!... É a primeira vez que consulto esta página e fiquei perplexa com a quantidade e a qualidade dos comentários. Gostaria de acrescentar (porque também me incluo no grupo das pessoas que gostam de perder tempo a falar de gramática) que a questão do porque/por que não encontra resposta consensual nas diversas gramáticas, por isso o falante comum acaba por se ver confundido depois de as consultar. É por essa razão que estas páginas virtuais são tão úteis: têm a mais-valia de permitirem o diálogo sobre as questões que os senhores linguistas supostamente solucionam sozinhos nos livros impressos. Por mim, a resposta de Cláudia Pinto é elucidativa. O que alguns comentadores apontam como falha também compreendo: parece ridículo mudarmos de palavra para expressão (porque/por que) apenas porque a palavra motivo ou razão está na frase. Contudo, é algo semelhante o que fazemos noutros contextos. Por exemplo, escrevemos "saí antes dele", mas "saí antes de ele sair" - no segundo caso, por causa do verbo no Particípio. Alguém se insurge contra isso? Penso que não. Finalmente, o Estadista não tem razão, pois pode perfeitamente usar-se em inglês o Present Perfect em perguntas como "why have you come?" - tudo depende do sentido.
professora de Português que não sabe tudo e dispos em 14/2/2007
"disposta a aprender" era o resto da minha assinatura (demasiado longa, desculpem). Aproveito para convidar todos os leitores a visitar o meu novo blogue: www.linguamodadoisec.blogspot.com
a mesma professora em 14/2/2007

Perdão por mais um comentário, mas enganei-me no tempo do verbo: obviamente, era Infinitivo e não Particípio, o "sair" que obriga a escrever "antes de ele" em vez de "antes dele". Obrigada.
ainda a mesma professora em 15/2/2007

O ponto 3 deste comentário está totalmente errado. "Por que ?" é um advérbio interrogativo que interroga a causa, introduzindo uma "Oração Interrogativa Parcial com Advérbio Interrogativo". As outras orações de igual tipo são as introduzidas pelos pronomes interrogativos "Quando?", "Onde?" e "Como?" que interrogam respectivamente o tempo, o lugar e o modo/meio/instrumento". Todos estes pronomes podem ser reforçados pela construção "é que". Estes pronomes para além de ocuparem o tópico da frase podem deslocar-se para outras posições. No caso de "por que", formado por dois monossílabos átonos, em posição final temos o dissílabo tónico "porquê". O problema das interrogativas em português foi um dos tópicos da minha tese de mestrado, que as estudou numa perspectiva contrastiva. Tudo isto está publicado pela Universidade de Macau sob o título "Interrogativas em português e em chinês: descrição, confronto e aplicação didáctica".
Raul Borges de Andrade Pissarra em 19/2/2007

Referindo-me a um comentário anterior, queria fazer uma observação: é errado falar em tempo verbal, quando lidamos com as formas nominais Infinitivo e Particípio. O Tempo nestas formas depende sempre do tempo verbal de que dependem estas formas. Exemplos: "Vou passear", "Fui passear".
Álvaro Sueste em 20/2/2007

Já agora, gostaria de contrapor a esta última argumentação a de que em relação à frase "saí antes de ele sair" não é assim tão descabido falar em "tempo verbal" porque se trata do Infinitivo Pessoal, conjugável em todas as pessoas (poderíamos ter, por exemplo, "saí antes de eles saírem" ou "saí antes de tu saíres"). Nessa frase aliás, não se pode dizer que a tal "forma nominal" depende de outro verbo, como em "vou/fui passear".
ainda a mesma professora em 24/2/2007

Compare "saí antes de eles saírem" com "sairei antes de eles saírem". Acha que a forma infinitiva tem valor temporal ?
Álvaro Sueste em 27/2/2007

Apesar de a data do último comentário ser relativamente "antiga", esta questão parece ainda suscitar algumas dúvidas. Uma pergunta: se não faz sentido passar a escrever "porque" quando "motivo" ou "razão" desaparecem, então citem-me um caso em que "porque" faça sequer sentido... Acho que estão a fazer o raciocínio inverso... E - se conseguirem... - citem-me um exemplo em que "porque" não é substituível por "por que motivo/razão", argumento tão falaciosamente usado para justificar o uso de "por que"? Parabéns à Cláudia Pinto - bem explicado e esclarecedor. Pesquisem e estudem: http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=19733 Bom trabalho
S. em 30/3/2007

O texto de "S" prima pela confusão e falta de clareza, dando os parabéns a Claudia Torres que explica bem, embora faça um erro; depois sugere que os outros estudem e pesquisem. Aconselho "S" a ler Rodrigues Lapa para ganhar clareza no seu discurso.
Raul Andrade Pissarra em 13/4/2007

Parecer, opinião, de um brasileiro: as explicações dadas são perfeitamente claras e coerentes. Ora, senhores, temos que conhecer o uso e normas da nossa língua portuguesa, e não buscarmos comparações com a língua inglesa.
Otto Volkmann em 27/5/2007

11 comentários:

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